Do Blog Óleo do Diabo por Miguel do Rosário
Tem um filme simpático do Otto Preminger, de 1962, intitulado Tempestade no Deserto, que aborda o tema da chantagem na alta política americana, e que eu assisti pela primeira vez há poucos dias. A história se passa inteiramente no Congresso e os personagens são todos senadores, além do presidente. Como usualmente acontece nas histórias holliwoodianas, apontam-se os podres do sistema, mas essas zonas escuras servem apenas para os roteiristas exibirem, orgulhosamente, o amor que votam aos ideais democráticos e à liberdade. Se esses ideais não passavam de palavras vazias, e eram defendidos (como hoje) ao mesmo tempo em que se massacravam os mesmos valores nos países em desenvolvimento, isso é outra história. Nem acho que é para tanto.
Eles – os americanos – acreditam, nos ideais, mas ainda não entenderam que um princípio democrático nunca será moderno e nunca será de fato autêntico e coerente consigo mesmo enquanto não açambarcar a humanidade inteira. E isso já não é uma utopia ingênua. A instabilidade econômica global, as ameaças virais que pairam, sinistras, sobre a raça humana, os desequilíbrios ecológicos, só encontrarão respostas quando surgir um comando político centralizado no mundo. Moeda única, regras únicas, uma educação que tenha ao menos algumas plataformas unificadas. Eleição de uma língua franca (possivelmente o inglês), que deveria ser ensinada como segundo idioma a todos os homens, através de cursos públicos patrocinados pela própria ONU nos países mais pobres.
Mas é melhor parar com esse papo senão daqui a pouco estou votando em Marina Silva, e eu não gostaria de cometer um desatino assim.