A insurreição na Bahia e a segurança dos cidadãos

07/02/2012

 

publicado no Jornal do Brasil

publicado no Conversa Afiada


por Mauro Santayana

O direito de greve é historicamente associado ao conflito entre o capital e o trabalho. Não é preciso retomar o pensamento clássico da esquerda para entender que o trabalhador deve ter o direito de cruzar os braços quando, em seu entendimento, as condições impostas pelos patrões se tornam insustentáveis. Na realidade, quem tem apenas a capacidade de seus braços; de sua  inteligência;  ou de sua habilidade em operar as máquinas, tem o inalienável direito de se recusar a continuar dentro das mesmas condições, e de exigir, mediante a interrupção do trabalho, novo trato. No ordenamento jurídico do Estado de Direito, a Justiça (em nosso caso, a do Trabalho) é chamada a intervir no conflito e buscar a conciliação entre as partes.

Os Estados modernos exercem o monopólio constitucional da violência, embora deleguem esse direito – que não poderia ser estendido a ninguém – a organizações privadas de segurança. Esta é mais uma deformação do Estado de Direito, que a  sociedade não deve admitir. Deixando de lado essa anomalia anti-republicana e antidemocrática, convém meditar o papel das forças de segurança.

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ACM Neto faz demagogia com greve da PM

04/02/2012

Blog do Miro por Altamiro Borges

O oportunismo é uma praga na política. Diante da greve dos policiais militares na Bahia, o deputado ACM Neto resolveu dar uma de sindicalista radicalizado. Em entrevista na noite desta sexta-feira (3), o líder dos demos fez duras criticas ao governo estadual. “Ele [o governador Jaques Wagner] deveria reconhecer que, desde que tomou posse, maltrata os policiais”.
É muita cara de pau! A oligarquia ACM comandou a Bahia durante décadas, desde o golpe militar de 1964. Nunca fez nada para melhorar os salários e as condições de trabalho dos servidores públicos. Sempre agiu com truculência, nos moldes do “Toninho Malvadeza”, contra as lutas grevistas. O sindicalismo baiano não esquece que foi tratado a ferro e fogo na ditadura de ACM.

O caos na greve de 2001

Vale lembrar um único caso. Em julho de 2001, os policiais militares realizaram uma prolongada greve. Eles foram humilhados e sofreram brutal repressão do governador César Borges, cria de ACM Neto. A Bahia virou um campo de guerra, com a ocupação de quatro dos sete batalhões da PM então localizados na região metropolitana de Salvador. O caos imperou na Bahia.

ACM Neto devia ser mais cauteloso diante da greve dos policiais, que traz insegurança à população da Bahia. Se quer falar sobre as justas lutas sociais, ele deveria condenar o governo de São Paulo, que junta PSDB e DEM, pela covarde desocupação do Pinheirinho. Também devia propor que o DEM retirasse a ação de inconstitucionalidade que move para asfixiar financeiramente as centrais sindicais.

Oportunismo dos demos desesperados

Na entrevista citada, ACM Neto não escondeu o seu maior desejo. “É evidente que Jaques Wagner perdeu totalmente o controle sobre a situação”. Como o DEM sofreu forte desgaste nos últimos anos, ele tenta se aproveitar da greve para desgastar o governo petista e se cacifar eleitoralmente. Teme ter o mesmo destino de outros famosos demos, como César Maia e Marco Maciel, que foram escorraçados pelas urnas.

O governador Jaques Wagner precisa ficar atento às manobras oportunistas da direita. Qualquer atitude intransigente diante da greve da PM só servirá aos intentos dos demotucanos. Como ex-sindicalista, ele sabe do valor da autonomia dos sindicatos e que o melhor caminho é o diálogo. Já o sindicalismo precisa ficar esperto para não fazer o jogo da direita, numa radicalização irresponsável.